Construído no ano de 1623, totalmente em pedra, o cruzeiro é constituído por três degraus, um pedestal com 4 inscrições (que doravante melhor se explicitarão), um fuste liso cilíndrico e, no cimo, uma esfera e uma cruz.
Ao longo dos séculos o cruzeiro foi deslocalizado algumas vezes. A sua primeira localização foi em “Souto de Arrabalde”, onde aí permaneceu durante muito tempo. Aí, por ocasião dum incêndio, foi-lhe quebrada a cruz e substituída por outra feita à semelhança das cruzes da Igreja, mas muito desproporcionada. Do “Arrabalde” foi transferido posteriormente para o “Bairro Alto”, em data que desconhecemos, mas não muito antiga (fins do séc. XIX). A localidade onde foi colocado, também se chamava “Monte da Bandeira”, por aí se içar a bandeira anunciadora das festividades da freguesia, principalmente da festa ou romaria do Coração de Maria, no 40 domingo de agosto. Por volta do ano de 1956, o cruzeiro foi transferido para a sua localização atual (junto do cemitério de Ponte), aí permanecendo até aos dias de hoje.
Na Visita Canónica de 31 de março de 1784, o Visitador, João Baptista Martins Camelo, Cónego prebendado na Sé de Braga Primaz, fez a seguinte observação ao Cruzeiro: “Acha-se o Cruzeiro desta Igreja em um sítio indigno por ser impraticável para as procissões, por estreito e coberto de árvores. Por isso, mando ao Juiz do Sobsino que, no termo de dois meses, o faça mudar para o lugar da Carreira ou para outro que for achado mais cómodo, a arbítrio do Rev. Pároco, sob pena de pagar na próxima Visita quinhentos reis”.
Apesar de desconhecermos quem ordenou a construção do cruzeiro, e qual o motivo subjacente à sua construção, o cruzeiro contém no seu pedestal gravado 4 inscrições, a saber: “ AD 16” (fig.1), “ANNOD” (fig.2); “FEITA” (fig.3); “1623” (fig.4).
Segundo o texto do Pe. Maciel Torres, o cruzeiro foi edificado no séc. XVII, no ano de 1640 e não no ano de 1623, após verificação da estrutura no local, como se pode verificar na (fig.1), confirma-se pela inscrição in situ, “AD 16”… o que significa: ” Anno Domini 16”, que nos tempos de hoje podemos dizer “Ano do Senhor 1600…”. Está bem presente, na base da estrutura, nas suas faces, várias inscrições, entre das quais, “FEITA” (fig.3), “ANNOD” (fig. 2), que em termos interpretativos, estas inscrições não se enquadram nas liturgias epigráficas do sec. XVII. Podendo deste modo, ser enquadradas numa fase mais recente (época contemporânea) como parte do edificado.
Arquitectonicamente, o cruzeiro não apresenta na sua estrutura a base da sua edificação, como comprovam as figs. 2 e 3. Haverá, na sua essência estrutural, um desfasamento com a data da sua monumentalidade, embora, a fig. 1 (AD 16) e fig. 4 (1623), possam comprovar sem necessidades bibliográficas, a verdadeira data de construção.
Estruturalmente, o Cruzeiro, apresenta um pilar e uma cruz, que não podem ser interpretadas como originais na sua construção. Este, é apenas um esboço, sobre o estudo aprofundado e rigoroso que será realizado sobre o “Cruzeiro da Paróquia de São João de Ponte”, e o mais importante, sobre o reencontro entre as pessoas da Vila de Ponte com a sua identidade histórica!